Saudades

Tenho saudades de escrever. Tenho saudades de vir aqui registar e partilhar bons momentos, que felizmente no meio deste contexto tão estranho que vivemos, continuam a acontecer nas nossas vidas. 

Mas vivemos tempos tão estranhos que acabam por minar essa vontade de partilhar, como se o afeto, a proximidade, a amizade em tempo real - ao vivo e cores - fosse uma inconsciência. 

Sinto cada vez mais que o isolamento tem trazido o pior que há nas pessoas, o egoísmo em estado puro, o individualismo como plano de salvação. Em nome da segurança dos seus/ dos nossos, deixa-se de olhar para os outros, para o efeito da solidão, do medo, do resguardo que começou por ser temporário mas que acaba por se ir instalando. Ganha espaço, impõe novas rotinas, deixa um rasto de vazio, de silêncios, de tempo que passa sem ser vivido. Agora sabemos como é triste viver sem ter planos. 

E as saudades que tenho de ter planos! Daqueles concretos e concretizáveis. Daqueles simples como a ida ao cinema, um piquenique com os amigos, um jantar improvisado que se combina no dia, de passeios sem destino e ou de almoços tardios daqueles que não precisamos marcar mesa, daqueles em que nos sentamos em cima uns dos outros para poder falar, rir, conviver em liberdade. 

Resumindo, tenho saudades de me sentir livre. 

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