Que hoje seja melhor do que ontem
Há dias mais cinzentos, não só pelas nuvens esperadas no inverno... dias em que nos damos conta que o tempo passa, que a vida é efémera e que isto tudo pode passar (e vai passar!) mas já nada vai ser como antes. A energia arco-íris já lá vai. Agora sabemos que uma pandemia não passa assim tão rápido, menos ainda sem deixar rasto. E o rasto que deixa é de perda - seja pelas mortes de tantas pessoas, seja por tudo o que não estamos a viver, a sonhar, a planear, a concretizar, a deixar de festejar...
Um dia a seguir ao outro, numa contagem que se vai perdendo e em dias que se tornam iguais, sem planos e sem cor. Um cinzento que se tenta instalar, aproveitando o estio do inverno, que vai ficando e moendo. Falta sol mas sobretudo a força anímica para contrariar este ciclo, esta 'nova rotina' que ganha espaço à conta do espaço que tanto falta...
É preciso focar nas coisas boas, valorizar a possibilidade de manter a atividade profissional (e cerebral) através do teletrabalho; ter uma casa com condições para as aulas à distância; ter estabilidade emocional e familiar que protege as miúdas numa espécie de bolha - sentem saudades da família e dos amigos mas apesar de tudo estão felizes e tranquilas em casa; ter família e amigas bem de saúde, sem nenhum sobressalto de maior; ter família e amigas à distância de um telefonema para desabafos, para risadas, para conversa de tudo ou de nada só para falar e diminuir a distância que se impôs; continuar a ter planos e sonhos possíveis de realizar assim que seja possível porque as “minhas” pessoas e os sítios vão continuar lá, para quando e como tiver de ser.
É preciso não perder as forças e pensar que cinzento é cor de meio-termo, não de opostos como o preto e branco, e por isso hoje foi melhor do que ontem e certamente amanhã será ainda melhor do que hoje.
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