Regresso do Natal

Bem sei que prometi ser o dia dos meus queridos pais. Eles que me desculpem, mas não resisto:

Dizem que o Natal é para as crianças, que é uma espécie de dia da criança mas de Inverno, assim como os Jogos Olímpicos. Mais uma festa para as crianças, coitadinhas, como se não tivessem já festas que cheguem. Não concordo com nada disto: as crianças não precisam de mais festas, até porque qualquer feriadozinho que apareça neste país, pumba, é logo para as crianças. Do Carnaval ao Dia das Bruxas, passando pelos dias do pai, da mãe e da criança, todos se centram nos meninos. Um perfeito exagero.

Ainda por cima, no caso específico do Natal, é injusto que assim seja. Senão vejamos: o que é o Natal para as crianças? Paz, alegria, amor? Não: o Natal para estes pequenos inocentes quer dizer presentes. Ponto final. Ok, às vezes também é sinónimo de férias, de doces e de deitar tarde. Mas fundamentalmente quer dizer presentes.

E a culpa é das crianças? Também não, é dos adultos, que durante anos e anos andaram a estragar as crianças e o Natal com cartões de crédito. Agora azar, ficámos sem festa, sem quadra natalícia, sem dinheiro, sem nada. Ora eu acho que devemos reclamar o Natal de volta. É fundamental denunciar o Pai Natal e os duendes, assumir que em Portugal não há neve em quantidade suficiente e que por isso é ridículo o conceito dos bonecos de neve, explicar aos nossos filhos que as renas não voam e que nenhum português sabe exactamente como é uma rena. Basicamente, devemos parar de roubar as tradições dos outros e obrigar as crianças a devolverem-nos o Natal. Até porque, convenhamos, Jesus nasceu num estábulo e não no Toys R Us.

Crónica do Jornal i

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