a caseira

Um dos primeiros grupos que temos no WhatsApp chama-se 'Cinema' e já remonta a 2015! Começou por ser uma forma de combinarmos as nossas idas semanais ao cinema mas ao longo dos anos tornou-se sobretudo um grupo de partilha entre amigas. Somos 15, praticamente as mesmas desde o início, e hoje a mana Andreia lançou o desafio do elogio - uma forma de cada uma ter um dia em que todas lhe dedicamos uns minutos do nosso dia para que nesta fase de recolhimento cada uma possa receber força para não desanimar.  A Dora fez anos ontem e por isso teve direito à estreia! E que bela escolha porque este grupo começou sobretudo por um (dos muitos) gostos que partilhamos, o cinema. A vida juntou-nos através da mana Andreia, de quem foi colega de curso, mas acabou por ser a afinidade que nos manteve unidas ao longo destes anos todos, atrevo-me a dizer que os anos mais especiais das nossas vidas. Estivemos presentes em momentos únicos, como os nossos casamentos, o nascimento dos nossos filhos

Sou uma pessoa de planos, de datas, de pessoas, de conversa. Mas também sou uma pessoa caseira - gosto de estar em casa e há muito que não me lembro de passar um dia inteiro no sofá a ver televisão ou sentar-me com um livro no colo, sem pressa ou sono...  Estamos em casa não por opção, longe de todos os que amamos, angustiados com o que está a acontecer, acima de tudo, com o que pode estar por vir, mais uma vez ansiosos para que os dias passem rápido, para que tudo passe, para que tudo regresse ao que era antes. Começo agora a perceber que já não vamos voltar ao antes. Esta paragem vai mudar-nos a todos, vai deixar marcas profundas mas também está a criar novos hábitos e nem todos serão maus. Somos agora obrigados a dar valor a tudo o que passamos a vida a dar como adquirido - os nossos, a nossa casa, as nossas coisas, o nosso tempo, os nossos momentos. Não está a acontecer porque assim o decidimos e isso é que nos baralha, nos deixa com este sentimento de impotência... porque somos

Made in Portugal. Que orgulho! Mais uma vez mostramos ao Mundo daquilo que somos feitos. Não somos perfeitos, não temos a cura para esta Pandemia mas podemos, todos juntos, manter a esperança, parar e esperar que passe para depois nos reerguermos como sempre fizemos no passado com tantas e duras provações. É tempo de parar. É tempo de aproveitar para reflectir. Mas também é tempo para fazer planos e traçar um caminho mais feliz para a Humanidade. Juntos somos mais fortes, mesmo quando a distância nos separa. 

Pai acima de tudo mas também avós, padrinhos, tios, amigos, todos são referências na minha vida e na das minhas filhas. Quem escolhemos para estar por perto e que de muitas formas tem influência na educação, nos valores e exemplo transmitidos. Parabéns a todos os pais das nossas vidas, em especial aos cá de casa - ao meu e ao das minhas filhas que nos fazem sentir verdadeiras sortudas. 

Sempre soube que a vida de emigrante não dava para mim e se há coisa que este exercício de isolamento social veio provar é esta certeza. Falamos por mensagens, enviamos fotos, fazemos video-chamadas mas não há nada, nada mesmo que substitua o abraço apertado, a energia que partilhamos uns com os outros, aqueles olhares que não precisam de palavras, o riso e as piadas, a gritaria em que somos felizes quando insistimos em falar todos ao mesmo tempo, numa competição para ver quem consegue acabar a frase, em que vale tudo - puxões na cara, encontro de ombros - capazes de ouvir e filtrar o que é para reter. É uma capacidade que fomos desenvolvemos, na qual somos já mestrados, graças à vida que partilhamos no dia-a-dia, às rotinas que fomos criando, como os almoços de sábado em que nos juntamos todos na sala dos pais, numa casa cheia, não só no verdadeiro sentido da palavra mas acima de tudo, cheia de amor. Sinto falta desta confusão toda mesmo sabendo que somos uns sortudos por não estarmo

Vamos acima de tudo ficar para a história. Uma história com estreia imposta, que apanhou todos nesta reviravolta que fez parar o Mundo. Um filme de terror mas com espaço para comédia, romance, fantasia e muita ação! Um mix de sentimentos que temos gerido o melhor possível, num dia a dia confinado às nossas casas mas conectados com o mundo, num frenesim de partilhas que nos chega a tirar o fôlego... estamos em casa mas continuamos ligados uns aos outros de forma até mais intensa do que na era pré Coronavírus (COVID-19) - novas palavras adicionadas ao dicionário e que ficam para a posteridade com consequências devastadores para a Humanidade. Atravessamos um marco histórico com o momento em que o Mundo foi obrigado a parar, mas também o momento em que o Mundo se vê obrigado a reinventar-se. Um vírus que nos rodou a vida de pernas para o ar, que nos obrigou a parar as rotinas frenéticas e a estar em casa, em família, onde tanto desejámos estar mais tempo mas sem nunca imaginar que o faría

Tenho estado ausente daqui mas presente no que realmente importa! Incrível como cada vez estamos mais ligados para umas coisas e tão desligados para outras, sendo que nem sempre com o peso ou a prioridade certa... desafio para todos mas sobretudo para os pais dos tempos de hoje, acima de tudo para os pais dos adolescentes - novo campeonato em que o nosso Simão entra este ano! Desta vez sem margem para mudar de ideias... para a frente é que é o caminho e apesar da perfeita noção de que é "sempre a piorar" (sábias palavras de quem vai à frente nisto e sabe do que fala...), estamos cá para o que for. Hoje e sempre, Um por Todos e Todos por Um!