Não dava para emigrante

Sempre soube que a vida de emigrante não dava para mim e se há coisa que este exercício de isolamento social veio provar é esta certeza. Falamos por mensagens, enviamos fotos, fazemos video-chamadas mas não há nada, nada mesmo que substitua o abraço apertado, a energia que partilhamos uns com os outros, aqueles olhares que não precisam de palavras, o riso e as piadas, a gritaria em que somos felizes quando insistimos em falar todos ao mesmo tempo, numa competição para ver quem consegue acabar a frase, em que vale tudo - puxões na cara, encontro de ombros - capazes de ouvir e filtrar o que é para reter. É uma capacidade que fomos desenvolvemos, na qual somos já mestrados, graças à vida que partilhamos no dia-a-dia, às rotinas que fomos criando, como os almoços de sábado em que nos juntamos todos na sala dos pais, numa casa cheia, não só no verdadeiro sentido da palavra mas acima de tudo, cheia de amor. Sinto falta desta confusão toda mesmo sabendo que somos uns sortudos por não estarmos sozinhos neste momento de provação - o condomínio das manas Peres está mais unido do que nunca, com atividades conjuntas, almoços partilhados, numa nova rotina que desbravamos em conjunto, mais fortes por nos termos uns aos outros. Prova de que a distância para mim não funciona...


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