Crianças a serem crianças

Vivemos tempos em que não se tratam as crianças como crianças. E isso é válido em tudo: brincadeiras, educação, exigência, relacionamento, responsabilidade... crianças são crianças e não precisam de ter os pais a brincarem com elas como se também eles fossem crianças. Crianças são crianças e precisam de ter regras, horários e limites estabelecidos. Crianças são crianças com imaginação e criatividade suficientes que dispensam as mil actividades que se inventam para as entreter. As crianças são crianças que vão crescer e que contam, na base de tudo, com os pais para os ajudar a ser jovens, depois adultos com educação, com respeito pelo outro, com sentido de dever e responsabilidade. Mas os pais de hoje parecem estar determinados em querer ser tudo ao mesmo tempo: ter carreiras de sucesso, vidas profissionais e sociais activas, sempre com estilo e a par das modas, viajar e aproveitar a vida ao máximo e enquanto fazem (ou tentam fazer) isto tudo são também pais. Só que não dá! Prova disso são os muitos casos de famílias desestruturadas, de crianças mal educadas, de escolas com problemas de violência e de desrespeito total por colegas e pelos professores ou qualquer adulto. 
Educar é difícil e tenho sentido isso a cada novo dia em que as minhas filhas crescem. Estabelecer limites custa, dá direito a choro e as birras na certa. Ter um emprego a tempo inteiro mas ao mesmo tempo gerir a casa e a vida escolar das filhas é duro, obriga a uma ginástica gigante. Manter um casamento saudável no meio disto tudo requer uma elasticidade enorme, com muitas cedências mas também com uma dose XXL de interajuda e de cumplicidade. Conseguir ter uma vida, para além do trabalho e dos filhos, é ainda mais difícil e, por parecer o "menos importante", vai ficando para um depois que nunca chega. E o resultado disso são pais stressados, sobrecarregados mas acima de tudo cansados que preferem dizer que sim a tudo para deixar para um depois, que nunca vem, a capacidade de dizer que Não, as vezes que forem precisas. 
Falta tempo e, já diz o ditado "depressa e bem não há quem", e falta não complicar!!! Não é preciso uma rotina alucinante se depois a vida familiar não existe. Não é preciso viver para o trabalho quando o que mais importa está fora dele. Não é preciso ser uma super mãe quando as minhas filhas só querem que tenha tempo - e paciência - para lhes ler uma história antes de dormirem. Não é preciso gastar fortunas em brinquedos e atividades xpto quando as crianças querem apenas e tão só ser crianças. 

P.S.: lembrei-me disto tudo porque encontrei esta foto, tirada no Batizado da Madalena que não teve insufláveis nem animação específica para as crianças. E adivinhem?! Brincaram às escondidas, viram vídeos nos telemóveis dos pais nos sítios mais improváveis, dançaram, saltaram, correram... enfim, crianças a serem crianças e felizes da vida na mesma.



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