Até sempre, querida vizinha
A "vizinha", como sempre lhe chamámos, foi uma 2.ª mãe para nós. Fez parte da nossa infância de uma forma tão intensa que é impossível recordarmos episódios de infância sem a incluir. Esteve sempre lá, fez parte das nossas brincadeiras, dos nossos passeios, das nossas aventuras, das nossas rotinas. Nós, os filhos, crescemos juntos de uma forma tão genuína, tão incrível que é difícil explicar por palavras. Tantas histórias temos para recordar... A "vizinha" arrancou-nos os dentes de leite, porque a mãe nunca teve coragem; dava-nos o pequeno-almoço quando os pais saiam muito cedo para a feira; assegurava o jantar na ausência da mãe; dava uma mão no quintal só pela companhia; teve telefone fixo primeiro do que nós lá em casa e por isso era para ela que ligávamos quando estávamos no colégio ou de onde recebíamos as chamadas das tias e das avós. Resumindo, sempre fez parte das nossas vidas de uma forma tão próxima, muito mais que grande parte da família porque estava ali ao lado, sempre ali, disponível, desenrascada, preocupada, uma super-mãe com 6 filhos e ainda com tempo, paciência e carinho para os 4 lá de casa. Sinto que nos criou como se fossemos suas também. Sentimento totalmente reciproco. Foi um enorme choque receber a notícia da sua morte, totalmente inesperada, completamente fulminante. De repente, um enfarte na noite dos finados leva-nos uma pessoa tão querida, de quem temos tanto para guardar. Deus quis assim, temos de ter fé para o aceitar.
Comentários
Muito bonito o que escreveste, mais bonito ainda porque sei que é realmente o que sentes...também conhecia a "vizinha" não de uma forma tão intensa como tu mas uma coisa eu sei: era uma mulher encantadora, genuína, como agora se diz muito: sem filtros!
Com certeza tens várias fotos com ela mas acho que escolheste uma das melhores...tu no colo dela, podia ser o Hélder ao lado do Nelson, mas não, segurar numa de vocês era igual a segurar num dos filhos.
Uma enorme perda, sem dúvida!