Juntos por Todos

Há quem passe a vida (e quem ganhe a vida) a criticar o nosso país. Há quem diga que somos um país atrasado, sempre na cauda das tendências e dos desenvolvimentos. Há quem acredite que somos menos que outros, menos evoluídos, demasiado lentos a reagir. Há quem sinta que somos limitados em muitas áreas. Ora a tragédia de Pedrógão Grande veio mostrar-nos muita coisa má - falta de organização, de meios, de gente num país interior que só nos lembramos ainda existir quando exposto desta maneira - mas também somos um país com um coração grande como nenhum outro. Um país em que a solidariedade aparece de todos os cantos, incluindo além fronteiras por quem foi fazer pela vida mas que aqui deixou o coração. Jovens, velhos, pessoas com capacidade económica para ajudar, outras com boa vontade e braços de trabalho que se dispuseram, desde a 1.ª hora, a acorrer a estas pessoas que perderam tudo. Somos um país que mesmo frente a um cenário de terror, consegue erguer a cabeça e, acima de tudo, arregaçar as mangas e avançar. O concerto solidário de ontem provou isto tudo - no espaço de 1 semana conseguiu-se reunir vários artistas, equipas concorrentes a trabalhar em conjunto para uma emissão inédita em televisão, com os 3 canais generalistas a transmitir em directo e em simultâneo e, o mais importante, encher o Meo Arena e conseguindo mais de 1 milhão de euros que serão fundamentais para reconstruir, pelo menos a nível material, as vidas de tantas pessoas. 
Claro que nem tudo é perfeito aqui neste país à beira-mar plantado. Aconteceram falhas graves naquele dia, algumas difíceis de prever e combater, outras mais do que previsíveis, pelo actual estado de abandono em que algumas zonas do país estão, com cada vez menos pessoas, menos meios, menos visibilidade. Há muito trabalho pela frente, muitos planos que precisam sair do papel, responsabilidades a apurar, melhorias a fazer e novos sistemas a reinventar mas acima de tudo, e o mais importante para já, é preciso fazer renascer vidas das cinzas que ficaram. Juntos por Todos.

Demorei a escrever sobre este assunto porque o que aconteceu foi tão aterrador que me deixou zonza. 1.º a notícia das mortes, depois a forma como pessoas - incluindo famílias inteiras - perderam a vida a tentar fugir à morte que mais me assusta. Seguiram-se as notícias e reportagens que mal deixaram espaço para pensar. Histórias de horror outras de quase milagre, tantas de uma aflição que chega a doer só de ouvir, de imaginar... Depois houve ainda as tristezas, o aproveitamento jornalístico e o político, de uma infelicidade enervante! Felizmente, e depois da noite de ontem, percebi que no meio do caos há sempre esperança, que conseguimos o pior mas também o melhor, quase à mesma velocidade e proporção. E é nestas alturas que sei, que sinto, que nascer português é uma honra. Força Portugal!
http://blitz.sapo.pt//videos/2017-06-28-Juntos-Por-Todos-o-resumo-de-uma-noite-para-nao-esquecer

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