Resiliência

Esta é sem dúvida uma das maiores qualidades da Constança. Caiu na escola, uma queda na relva sem jeito nenhum, teve azar na forma como caiu e fez duas fracturas no pulso - no rádio e no cúbito. Aconteceu precisamente no dia de aniversário da madrinha Inês, 21 de setembro, com direto a ida de ambulância e tudo. Assim que me viu entrar na escola chorou muito, sobretudo quando percebeu que teríamos de ir de ambulância para o hospital. Ficou assustada, imaginou o pior e num momento de descompressão, misturado com as dores, chorou muito. Deixei chorar mas ao mesmo tempo fui explicando que não era preciso fazer drama, que o importante era perceber se tinha ou não partido o pulso para se tratar o melhor e mais rápido possível para deixar de ter dores. Falei com calma, que nestas alturas desce em mim o lado mais objetivo e pragmático, e aos poucos o choro passou. Quando a ambulância chegou já estava mais calma, entrou e passou a viagem a tentar descansar numa atitude de "crescida" que até as bombeiras surpreendeu. No hospital explicou a queda, deixou que a examinassem e só no RX se queixou por ter de mover o pulso para as diferentes posições pedidas. As fracturas confirmaram-se e seguimos para o ortopedista, que com muito pouca delicadeza lhe colocou o gesso e o braço ao peito, com a recomendação de ser vista passada 1 semana. Não chegou sequer a tomar nada para as dores e não voltou a chorar. Assim que ficou com o braço imobilizado as dores passaram. Nessa noite tínhamos combinado ficarem a dormir nos avós, para eu e o Hugo irmos ao jantar da Inês. Quisemos desmarcar mas a Constança insistiu que queria na mesma a noite de pijama nos avós. Fiquei eu de coração apertado, por um lado a querer ser tão forte como ela mas ao mesmo tempo com vontade de a levar para casa para nos enroscarmos as duas no sofá, só mimos e muito colinho. Acabámos por manter os planos mas passei a noite de telemóvel na mão, não fosse mudar de ideias ou não conseguir adormecer mas nada. Eu preocupada com o calor, com a comichão, com a falta de posição para dormir, para afinal correr tudo bem. Tão bem que me surpreendeu!
Passaram entretanto 3 semanas, com troca de gesso pelo meio, sem dramas, sem  uma queixa sobre as limitações inerentes. Teve saudades da natação e das aulas de educação física mas sem dramatismo nenhum. Caiu, chorou mas respirou fundo e seguiu em frente. Corajosa mas sobretudo resiliente. Não podia estar mais orgulhosa! 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Parkinson's In Mind: o testemunho

De que cor é um beijinho?

É por estas e por outras...